terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Tio Lula - Eulogia.

Queridos amigos, familiares, conhecidos, atletas e funcionários do Mackenzie Esporte Clube:


Uma vez me foi dito que “O sábio aprende com as vivências dos outros.”. Até hoje, esse ditado me caiu muito bem. Entretanto, o falecimento do meu padrinho me parece ser a exceção que determina a regra. É impossível imaginar o estado de espírito de alguém que está de luto, por mais detalhadamente que a pessoa explique e exemplifique. Essa inversão da natureza que vejo, onde pais enterram filhos, sobrinhos enterram tios, ainda não me é compreensível. Não sei se um dia será.

 Neste momento não questiono nada. Simplesmente sinto. Simplesmente repito e me acalanto pela oração “SEJA FEITA A VOSSA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU”. Essa oração que pede ou suplica a Vontade de Deus leva-nos a aceitar o nosso desligamento dessa Santa Vontade pelo pecado, que, infiltrado em nossas entranhas, nos faz reféns de nós mesmos e dos nossos caprichos. Caprichos esses desenhados pelo tio Lula com maestria. Incentivado por ele a praticar esportes, a primeira coisa que aprendi com o técnico Piu, do Mackenzie, foi que “ a menor distância entre dois pontos é uma reta”, ao me ensinar a dar passes com a bola. É piu, você estava certo. Por mais que desenhemos a nossa vida, nos passos parabólicos e divertidos de um copo de cerveja e uma risada, sempre haverá esses dois pontos, o inicial e o final, dos quais não podemos fugir. Nesse instante, parece que a mente silencia e o coração se aquieta. Uma sensação de vazio toma conta da gente.

Quem sou eu, quem somos nós para questionarmos os designos; a vontade de Deus ???
 Neste momento, lembro de forma muito intensa e viva a vida que tivemos com o Luiz Henrique, Tirrico, costinha, Lula e mais recentemente com o Tio Lula.

Memoráveis são as lembranças que tenho dos casos que ouvia dele, contando sobre as brincadeiras da sua infância. Ele detalhando cada momento passando sabonete e jogando água no corredor quando ia tomar banho com a mamãe, dizendo que era o seu escorregador! Da vovó dizendo que fazia brigadeiro para que levassem nas festinhas da escola e ele comia tudo pelo meio do caminho. É tão Tio lula! As brincadeiras na garagem com os amigos e vizinhos, de futebol com bola de meia, queimada, descendo a rua de bicicleta , correndo , brincando de pegador, policia e ladrão. Qual mãe não ficaria com o coração na mão, tendo um filho hiperativo desses, e morando na descida da Alvarenga Peixoto? Uma infância bem aproveitada. Com o tempero de alguns ossos quebrados e pinos no braço; mas, inegavelmente, uma infância BEM aproveitada!

Agora, quem me fala é a mamãe, contando das  férias dela e do titio. Da sua adolescência, amizade e cumplicidade entre os dois e o tio Julinho. Essa não é uma parte difícil de imaginar. Sentimentos interpessoais que duraram até o último segundo que poderiam ter durado.  Ela lembrava de quando ficavam assentados no muro de casa conversando com os amigos e comendo cachorro quente no carrinho na esquina. Bem diferente da minha juventude. Mas, mesmo assim, também imagino como seria, com carinho.

E assim o Lula, Luiz Henrique foi crescendo, sempre cercado de amigos, sempre sorrindo, contando casos, piadas. Era uma pessoa inatingível, e sempre tinha um sorriso no rosto, por mais difícil que a situação se apresentasse. Li num livro uma vez que “Tudo é contagiante.” Ihh, nem precisava ter lido! Contágio era o que eu sentia quando chegava nas festas de família, triste por ter que largar meus brinquedos em casa, e chegava o tio Lula, me abraçava e falava “ Qual que é o padrinho que você mais gosta?!” Mamãe me ensinou que eu tinha que responder “ Tio Lula”,  mas a resposta já saía naturalmente.

Permito-me lembrar também que, assim como qualquer um de nós, ele também tinha seus defeitos. Como disse o único não-pecador que já andou pela terra : Atire a primeira pedra quem nunca cometeu um pecado, quem nunca tenha errado. Pecados acontecem. Erros são cometidos. Cestas não são feitas, Bloqueios não são furados, passos não ficam bons e pessoas tropeçam na cochia. Mas, diferente do esporte e da dança, não temos tempo pra praticar a vida. Ela acontece aqui, ela não tem ensaio ou treino  e, por mais que desejemos a cesta, a bola quicando do outro lado da rede, damos um tapinha nas costas do nosso colega de equipe, entendendo que todos erram. Erramos na quadra, erramos no palco, erramos na vida; o maior esporte em equipe que já existiu.

É difícil expressar por meio de palavras  o pesar com o qual convivo, de, dadas as circunstâncias com a qual ele partiu, não ter dito uma última vez pra ele “ Tio lula, você é o padrinho que eu mais gosto! É o único, mas é o que eu mais gosto!” . Aliás, acho que a vida seria muito chata se nós pudéssemos prever o futuro, mesmo que ela pregue essas peças desagradáveis de vez em quando. A vida é muito corriqueira e cheia de tarefas. Mas, quando uma pessoa parte assim, gostaríamos sempre de ter dito a nossa última palavra de carinho. Então, quando vocês chegarem nas suas casas depois dessa missa, esqueçam os compromissos, as briguinhas e as tarefas. Só por hoje, permitam-se entrar em contato com as pessoas que vocês vêem todo santo dia, e digam que as ama. Não simplesmente porque você as ama mesmo e isso é uma verdade pra você, mas porque você talvez nunca tenha dito isso. Acreditem, eu gostaria de ter dito. Tio, te amo MUITO.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Poderia ter sido você.

" Ah, pronto. Tava demorando MUITO pra dar alguma coisa errada. "


    Foi o que eu ouvi do Luiz Felipe que estava do meu lado, quando, após ter marcado metade das questões no caderno de respostas, percebeu que a sua prova amarela era uma das fatídicas 4000 com problemas na impressão. Poderia ter sido eu que, bobão e brincalhão como sou, disse " Ah não, eu quero a branca, de paz, pq quero paz com os concorrentes! " ao negar a tal prova amarela que me seria dada no início da prova. Poderia ter sido a Adriana. Amiga querida do cursinho que se prepara há QUATRO ANOS em cursinhos pra conseguir uma vaga em medicina na tão sonhada UFMG.

   Poderia ter sido você.

  E se tivesse sido você, qual seria o sentimento? Revolta, tristeza, indignação? Mas que bom que não foi. E agora passam na cabeça daquele Luiz Felipe ( Bonito, assim como todos nós! ) que deve ter sacrificado alguns vários fins de semana. Saídas, festas, baladas, amigos, bares, bebidas e noites de sono pra se preparar pra uma prova. Horas, horas e mais horas. Incontáveis garrafinhas de água dentro da biblioteca estudando, lendo e se preparando pro possível, mas cada vez mais distante, sonho de uma universidade federal.

   Isso tudo pra que!? Pra sermos testados psicologicamente ao vermos colegas, recém conhecidos entrando no desespero ao ver que a sua prova estava MAL IMPRESSA! PORCAMENTE ORGANIZADA! Ele era uma pessoa que nem eu! BRINCARAM com o futuro de um jovem médico, um jovem fisioterapeuta, engenheiro, publicitário e sabe-se-lá quantos outros futuros profissionais! É absurda e inconformante a situação que nos foi imposta nesse fim de semana!

   Não tenho o coração de pedra pra agradecer que nada aconteceu comigo, me felicitar pelos meus 129 acertos e mandar pra puta que o pariu quem teve a prova errada. Não estou aqui no direito de opinar se a prova deve ou não ser anulada, se deve ou não ser refeita ou entrar em qualquer outro mérito do tipo. Estou aqui pra simplesmente lembrar, a TODOS os que prestaram esse exame, que estamos falando de SERES HUMANOS! esses que agora, provavelmente, tentam mover mundos pra minimizar os erros dos outros pra não verem os seus futuros, tão desejados, adiados por sabe-se-lá quanto tempo. Não! Não são 0,04% dos concorrentes. São quase cinco mil pessoas que tiveram seus sonhos e sua confiança abalados.

  " Ministro considera baixo o número de prejudicados no ENEM. " ( Uol ).

  Que tivesse sido UMA pessoa, Sr Ministro Haddad. Foi uma pessoa que perdeu completamente a confiança no ENEM, que agora sofre por problemas dos outros. Foi UMA pessoa que se preparou, estudou e ralou. Pegou ônibus lotado e não aguentou mais ficar estudando. Qual foi a última vez que o Sr chegou PERTO de uma situação como essa? Nos impõem restrições absurdas, como a do lápis e borracha, mas são incompetentes o bastante pra não revisarem uma prova antes de ela ser impressa. PAREM de achar que vocês são inatingíveis e que " Nada de errado acontecerá no ENEM desse ano " , como postulou o Sábio e sempre coerente Clélio Campolina, atual reitor da UFMG. Não somos nós que, armados de lápis e borracha, causamos as bestialidades astronômicas no exame. São vocês, munidos com uma arrogância e petulância que beiram o ridículo. Foram vocês em 2009. Foram vocês em 2010.

  É simplesmente desgastante ver que o representante da educação do nosso país trate com tanta frieza numérica o número de pessoas que foram abaladas com o exame. Aliás, não é a primeira vez que falo sobre essa distância entre política prática e sociedade aqui. Simplesmente desgastante e incoerente com o Brasil com essa democracia consolidada e economia emergente que temos. Ultrajante.

  Posso ter escrito esse texto com o coração na mão. E me desculpem os leitores que eu tenha usado o meu blog pra expressar minha indgnação com a situação que me foi imposta. Tomei as dores do Luiz Felipe. Dos Luiz Felipes, Andrés, Lucas, Bárbaras que passaram pela mesma situação que o meu homônimo. Tomei as dores porque eu sei que poderia ter sido comigo, aconteceu com o Luiz Felipe.


E poderia ter sido você.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

E a desumanização?

 De uns tempos pra cá, eu tento arranjar um tempo pra mandar a minha câmera de vídeo pro conserto pra poder usá-la como um meio de comunicação entre mim e os leitores do meu blog. Ficar escrevendo, lendo e relendo pra fazer correções me toma tempo demais, e é massante pra alguém que presta vestibular como eu. Por causa disso, deixei alguns temas recentes ( Como a polêmica da Dilma com o aborto, os outdoors no rio contra a união gay do pífio Malafaia, a drogada da Weslian Roriz falando do estúdio do debate do DF, entre outros. ) passarem batido, com a promessa de que retornaria a eles assim que possível. 

Mas não dá. A revolta é MUITO grande.





   Ele disse que, com essa mensagem, pretende “despertar o povo de Deus para a gravidade” de projetos de leis que tramitam no Congresso Nacional e em Assembleias Estaduais em favor dos homossexuais.




   Alguns posts atrás, eu dissertei sobre a igreja e a sua presença constitucionalmente indevida no congresso nacional. Não quero voltar nesse assunto, uma vez que eu repetiria tudo o que já escrevi. Entretanto, é interessante perceber a frieza com a qual as questões que envolvem o bem estar das pessoas são tratadas. Último hiperlink do post, e eu começo a escrever : Vice diz que Serra vai ser contra direitos dos gays .


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   É aqui que a frieza do homem é evidenciada: Não somos mais conotados como seres humanos. Gays, humanos?! Somos apenas as pessoas que sofrem de homossexualismo. Pessoas-alvo de manifestações de repugnância como a denunciada pela foto acima. Mas é até certo ponto "natural" que as questões que se afastam da realidade social das pessoas sejam mais desprezadas. Um idoso, por exemplo, está muito mais preocupado com as questões eleitorais que envolvem INSS, saúde pública do que aquelas que envolvem a política externa do Brasil. No caso dos homossexuais, uma pessoa que se vê distante do convívio com um gay ou uma lésbica se torna alheia às dificuldades dessa minoria e isso, somado às ações de ódio promovidas pelas igrejas, incitam um ódio e uma desumanização totalmente gratuita. Partindo desse preceito de não-humanização, me parece até compreensível que o pastor não demonstre qualquer culpa ou peso na consciência ao atrasar a igualidade de direitos entre homossexuais e heterossexuais. Sua "fé" o distancia de qualquer possível convívio saudável com os gays.



   Me surpreende e assusta saber que pessoas como ele e a maioria dos senadores que decidem o que é certo ou errado no nosso país são tão alheios e distantes  das necessidades do povo. Demoram anos para aprovarem projetos que eletrificam casas afastadas dos territórios urbanos. Não demonstram o MENOR esforço em fazer com que leis como a Maria da Penha sejam mais eficientes. Roubam o máximo que podem e até colocam preço na alma das pessoas! .


   Qual o motivo disso? Um só: A distância entre quem pode resolver o problema e quem sofre dele. Sejam sinceros: Quantos desses senadores têm, realmente, ALGUM  contato com a população mais pobre? Quantos deles realmente sentem na pele a NECESSIDADE de um programa decente de educação ou saúde pública, pra que essa necessidade gere a urgência nas decisões a serem tomadas? Qual deve ser o contato desses terroristas cristãos com algum gay/lésbica, pra que percebam o ser humano por trás da antagonia aos dogmas bíblicos ?

   O fato de a população LGBT ter ou não algum direito não afeta em absolutamente NADA a vida de pessoas como o Malafaia, a não ser pelo ego massageado de atrasar a vida de alguém em prol da sua crença religiosa. Defender a família?! A família muito antes de ser composta por heterossexuais ou homossexuais é composta por SERES HUMANOS, que deveriam ter sua segurança e princípios legislativos BÁSICOS assegurados. Nossa união não é reconhecida, não doamos sangue, não temos licença Luto, só pra listar as mais básicas! Uma pessoa que convive diariamente com os gays, ou que se vê inserida numa realidade de risco social JAMAIS apoiaria atrocidades retrógradas como essas! Essas pessoas são seres humanos, MUITO ANTES de serem gays ou pobres, e é exatamente por essa característica em comum, a humanidade, que todos merecemos tratamentos iguais. E sermos tratados como iguais significa que devemos ter direitos às mesmas coisas, seja ela uma lâmpada acesa em casa, proteção, saúde e ensino públicos ou ter a minha relação com qualquer ser humano aceita e defendida pela lei.

  Uma pessoa que não vê humanidade em um homossexual não tem NENHUM direito de falar sobre moral e bons costumes. " Você vive de favor? Recebeu alguma ajuda de algum amigo? Então doe 30% para a nossa igreja que Cristo abrirá as portas da casa própria pra você! " . É revoltante e desgastante o ódio e a obsessão que esses "homens de Deus" tem em tentar me subjulgar perante a eles. Sou homossexual, e por isso mereço menos direitos? A última pessoa na história que defendeu a hierarquia das raças humanas no mundo foi Hitler, causando a morte de... quantas pessoas mesmo? Ah, sim. FORAM SEIS MILHÕES DE MORTOS.

Mas que número é esse, né? Se comparado ao da Inquisição...  NOVE milhões.



 Tenho pena, muita pena, de quem segue esse genocida e ainda acha que faz algum bem ao próximo. Quer o meu bem? ACEITE a humanidade presente em cada um de nós, independente de qualquer coisa. Obrigado.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Enfim, obrigado!

  Passaram-se exatamente 27 horas desde que as seções eleitorais fechassem as portas para as votações de primeiro turno desse ano. E, quer saber? Eu estou MUITO feliz!

  Antes que se assustem, o motivo da minha felicidade NÃO tem ligação nenhuma com quem foi ou deixou de ser eleito. Aliás, prefiro não comentar algumas atrocidades eleitorais que aconteceram ontem porque quero manter o nível do meu blog. ( " PORRA BRASIL, Weslian Roriz?! vocês comem bosta ou o quê?! " ). Mas me sinto feliz por, pela primeira vez em uma eleição, eu ter tido plena consciência das pessoas nas quais votei. Mais ainda, me sinto melhor por esse blog ter influenciado a decisão de voto de várias pessoas que o leem sempre que posto algo novo.

  Dito isso, quero deixar o link de agradecimento da minha candidata fofa do PSTU, Mariah Mello, pelos votos que ela recebeu: http://www.mariahmellopstu.blogspot.com/ . Assim como nas palavras dela, agradeço de coração a todos os que acreditaram na palavra dela, e que têm consciência que algumas coisas precisam mudar no nosso país.

  A eleição (quase) acaba aqui. O que nem de longe significa que o seu papel de cidadão político, leitor, termine aqui também. Ele existe em cada ato - e omissão - sua perante à sociedade. Você que é estudante de escola pública e paga transporte até a escola está sendo politicamente omisso às questões estudantis. Você que é homossexual e vê 78 direitos defendidos pela constituição negados pela sua simples orientação sexual, idem. Ser consciente politicamente falando é ter discernimento sobre o que é certo e errado na sociedade que na qual estamos inseridos. É ver uma pessoa sendo discriminada pela sua cor, religião, sexo, sexualidade e se revoltar com isso.

Por que, de uma certa forma... política é exatamente isso: revolta. Não foi por estarem revoltados com o sistema que lhes era imposto que os iluministas fizeram a maior revolução da história da humanidade? Não foi isso com Martinho Lutero? Com os estudantes, nas diretas já? A revolta transforma a humanidade e a molda conforme as nossas necessidades. É assim. Sempre foi assim. Sempre será assim.

Sei que esse blog não é lido por tantas pessoas. Mas, se de todas elas, você absorver toda essa minha ideologia de vida, ideologia política e, assim como eu, se revoltar com esse sistema OPRESSOR que nos é imposto, já valeu todo o trabalho que tenho pra mantê-lo ativo!

Revolte-se! ( Mas não piche a cidade inteira com trechos de I'll survive que isso é feio e é crime, rs.). Cada um tem o fardo que consegue carregar. Eu sou assumido, ativista e sinto orgulho disso. É assim que faço a minha revolta. Você está dentro do armário. E daí? Ser HUMANO quando uma situação de injustiça social aparece diante de você não vai criar um neon colorido na sua testa piscando que você é gay ( mesmo que você se sinta assim. ). 

Política começa e existe assim. Vindo de você. Por você.


Obrigado a todos.!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Eleições 2010 - Mariah Mello



Entrevista com a candidata à Dept. Estadual por Minas Gerais Mariah Mello pelo PSTU, Número 16160. Adorei a entrevista dela! Muito inteligente, coerente nos seus argumentos e pé no chão! Super apoiada!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Papa faz ligação polêmica entre nazistas e ateus

Foto: DivulgaçãoEm visita à Londres na quinta-feira, o papa Bento XVI fez declarações que tiveram repercussões polêmicas. Ele traçou um  paralelo entre o atéismo, corrente de pessoas que não acreditam na existência de Deus, e o nazismo, ideologia da superioridade da raça, baseada em preconceitos e causadora de fatos como o holocausto durante a segunda guerra mundial.
Com a presença da Rainha Elizabeth II em Embimburgo, o papa fez um discurso sobre "uma tirania nazista que tenta erradicar Deus da Sociedade" e, em tom de alerta, pediu que os grã-bretanhos "evitassem formas agressivas de secularismo".
Ele lembrou da luta inglesa contra o regime de Hitler, que " queria erradicar Deus da sociedade" e desumanizava os judeus e achavam que eles não tinham direito a vida. 

"Quando formos refletir sobre as lições sombrias do extremismo ateísta do século XX, nunca nos deixemos esquecer de como a exclusão de Deus, religião e virtude da vida pública leva em última instância a uma visão truncada do homem e da sociedade, e portanto uma visão reducionista das pessoas e seus destinos", disse.
A Associação Humanista da Grã-Bretanha achou irresponsável ligar o atéismo nazista às pessoas não religiosas. Em nota divulgada pela imprensa britânica o Papa caluniou aqueles que não acreditam em Deus, e que impõe internacionalmente sua opiniões "estreitas e excludentes de moralidade", além de "enfraquecer os direitos humanos de mulheres, crianças, gays e muitos outros- é surreal"
O Vaticano tenta colocar panos quentes nos fatos. Federido Lombardi, em defesa de Bento XI, lembrou o fato do papa alemão já ter se alistado na pontifíce Juventude Hitlerista, o que era obrigatório na época.
Imagens que valem mais do que mil palavras:



































Depois, quando eu falo que a igreja é cheia de contradições, ninguém acredita...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Campanha eleitoral, partidos cristãos e Ética na Democracia.

   
   O programa eleitoral do PSOL que exibiu o beijo gay entre dois jovens que infelizmente não foi ao ar em MG foi o assunto mais polêmico envolvendo eleições até agora. Um beijo de menos de 3,4 segundos no tempo já reduzido do programa do partido já foi o suficiente pra causar revolta no Relator do conselho político da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil, lelis Washington Marinhos. Retirado do portal IG:









" (...) Lelis Washington Marinhos está defendendo que os partidos adversários e até mesmo o Ministério Público entrem com uma ação no Tribunal Regional Eleitoral pedindo a retirada da cena do ar.
– O que eles fizeram é uma provocação à sociedade brasileira. É uma situação deplorável, a grande maioria condenaria um ato desse, que antes era considerado atentado ao pudor pela lei. Para o bem da família, cenas como essa deveriam ser proibidas na televisão, ainda mais em horário eleitoral, que é acessível e estimulado. "
  As Assembléias de Deus têm um Conselho político no Brasil?!  Brasil, aquele país que desde 1891 é conceituado como um Estado Laico? Ou pelo menos deveria ser, mas vamos ser honestos... Isso no Brasil já caiu por terra há muito tempo. Em época de campanha eleitoral, somos bombardeados por Pastores, Padres, Apóstolos e missionários que, afiliados à partidos inconstitucionais só pela sua prima existência, defendem os ideais da Bíblia e da "família", em claro desacordo e desrespeito com a constituição do nosso país.
  Aliás, sabe-se-lá o motivo disso, tomaram o conceito de "família" pra eles próprios, não aceitando contestação ou opinião contrária mais justa, ampla e democrática sobre ele. Não, só cabe a eles o direito de definir família e ponto final. Família é aquele casal hétero com 22 filhos (já que sexo só serve pra procriação, certo?) vivendo sob a regência de preceitos normativos de um livro que foi escrito há mais de 2.000 anos. Beijos gays são uma afronta à família brasileira e à ética do cidadão.
   A ética, pra eles, consiste em leiloar curas pra doenças, fazer mutirões movidos à fé e boa vontade de pessoas que não têm cultura e instrução pra refletir sobre o próprio conceito daquilo em que acreditam. Escondem e se calam diante dos casos de pedofilia (Gay! que ironia!) que se multiplicam em escala geométrica na sua instituição. Sexo, prazer, direitos civis, Estado Laico e etc são coisa proibida. Pedofilia, lavagem de dinheiro, lavagem cerebral devem, então, ser coisa tolerada e incentivada pela tal "ética". Não vêem qualquer problema em ler e divulgar idéias medievais, não tem problema algum em ensinar à crianças conceitos ultrapassados - de um livro que respinga sangue - e não sentem qualquer constrangimento em ensinar o ódio.Entretanto,não toleram que os seres humanos façam escolhas diferentes ou vivam diferente, sejam diferentes.A estes cristãos, não lhes é compreensível o conceito de "respeito ao próximo".
  O que se vê em seus cultos éticos, transmitidos nacionalmente em horário nobre em emissoras de renome, é um verdadeiro circo de comédia, nos quais falam mal e vulgarizam tudo e todos que eles consideram errado ou que vá em contra-mão com o que acreditam, onde nem a constituição fica de fora. Simplesmente não compreendem a pluralidade de idéias e, sempre que alguém vai até eles com argumentos coesos, concisos e baseados na racionalidade e bom senso, se escondem atrás de algumas passagens da bíblia, achando que ela explica tudo e defende tudo e dá a eles o direito de fazerem o que bem entendem onde bem quiserem. O nome que dão a isso? "Liberdade Religiosa."

  Bom, se a liberdade religiosa existe, assim como qualquer outra liberdade defendida pelo nosso estado, ela termina no momento que ela começa a suprimir o direito dos outros de simplesmente não aceitarem ou acreditarem no que ELES acreditam: Se eu não QUERO ser regido por um livro, se eu não ACREDITO nele, eu não deveria nem correr o risco de algum louco que se apega à ele como se apega à vida de chegar perto de regir a NOSSA democracia. A democracia? À essa sim eu devo respeito e carinho, e me sinto orgulhoso de ser regido por ela.

  
A Democracia é maravilhosa. Ela não exclui ninguém. Ela protege as minorias da maioria e inclui a todos.Entretanto, que seja estendida apenas àqueles que a respeitam e a tratam com o devido carinho. Democracia não significa votar e ser votado ou na maioria governar em detrimento de uma minoria, mas sim em uma balança em que a maioria governa, mas os direitos da minoria estão e são garantidos, em quaisquer circunstâncias.
 Os cristãos podem agir como quiserem. Que digam que eu devo ir pro inferno. Que chutem santas, que roubem dinheiro e esperança das pessoas. Que digam, até, que eles estão certos e o resto do mundo está errado. Não sei de onde eles tiraram o egocentrismo de se acharem tão donos da minha vida assim. Mas, por favor: Não digam, JAMAIS, que isso é Democracia. Que isso é a minha democracia, que é a democracia que eu amo.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quantos centímetros?

" Não percebem, na verdade, que só sabem arredondar. Dizem que aquele ali só sabe comer e dormir, mas o que ele e todos a sua volta mais sabem fazer é arredondar. No currículo que mandam às empresas, arredonda sua sofrível compreensão de língua inglesa para avançada ou fluente; e para não ficar embaraçado com sua profissão de vendedor, diz trabalhar “com vendas”.


 Arredondam a altura e o peso; aumentam o primeiro, diminuem o segundo. Arredondam os centímetros, que costumam passar dos dezoito, e se você quiser tem uma foto dele, tirada de baixo pra cima - mas isso não é arredondar, é mudar o ponto de vista de quem vê, dizem. Quando são loiros, são arredondados para alemães, mesmo que apenas um terço da família tenha ascendência germânica; e ainda quando não têm, um cabelo um pouco mais oxigenado, sem cor, é naturalmente arredondado para alemão. As cores dos olhos são arredondadas para verdes - mas só dá pra ver no sol, sob determinado ângulo de luz e em determinado período do dia, que é sempre arredondado em quartos de hora, também. 


E não há problema algum para eles se assistiram a cinco ou seis filmes japoneses ou coreanos, pois eles dirão, com os pelos eriçados, que adoram o cinema asiático. Quando lêem cinco livros durante todo o ano, dizem, sem embaraço, serem leitores assíduos. Usam a palavra “assíduos” como se fosse uma cédula de dois reais, mas não passam, todos eles, de moedas trocadas. Chegam a ponto de arredondar, para cima, onde moram. Assim, quem mora em Carapicuíba reside em Osasco, e o que mora em Osasco reside em Barueri. O de Mauá é sempre do ABC. Não percebem, na verdade, que só sabem arredondar. Como comer ou dormir, arredondar, me parece, ser vital para eles. "


Transcrição e créditos : www.canudoscoloridos.blogspot.com <- super indicados!


~

[ Off: Por que eu nunca escrevi um livro? Refletindo. ]

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Luan Santana: 'Sei que sou homem, e diga-se de passagem, adoro mulher'

Ator reafirmou sua masculinidade à revista 'Rolling Stone' e ainda falou sobre seu cachê, o maior do país.

  Para quem estava duvidando, Luan Santana reafirmou, em entrevista à revista "Rolling Stone", a sua masculinidade. "Sei que sou homem*, e diga-se de passagem, adoro mulher", disse ele. No entanto, Luan também admitiu não ter namorada: "Na verdade, não conseguiria namorar. Faço em média 25 shows por mês”




O fenômeno pop falou ainda sobre o sucesso e seu cachê, apontado como o maior do país. "O que está acontecendo comigo só tem uma explicação: Deus". 


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* Jura que ele é homem???! Não brinca!.Quase não dá pra perceber...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O Órfão.



   Não é como se eu simplesmente pudesse voltar no tempo. Fosse assim, as coisas seriam exorbitantemente mais fáceis, pra todo mundo. mas o que aconteceria? Eu reviveria aquelas boas risadas, que não cansava de ouvir. Sentiria novamente o nosso primeiro abraço, seu coração batendo no mesmo ritmo do meu, quase como se eles se encaixassem. Tanto tempo passou, e foi legal que essa emoção nunca diminuiu.

   Repensaria aquelas palavras que magoaram e chatearam. Não que eu fosse mudar de opinião; mas, é. Tem certas coisas que a gente simplesmente não diz.

   Chegaria até aquele momento em que eu percebi que ele, o mais tenro dos sentimentos, duraria pra sempre. Quer dizer; É isso que dizem da nossa segunda família, não é? Aquela que a gente escolhe. Voltaria pra mudar o que concluí. Esse " Pra sempre " sempre acaba.

   Mas, principalmente, reviveria aquele primeiro choro. Não não, não aquele que a lagrima desce e pronto, acabou. Esse qualquer ator como eu reproduz,com maestria, quando bem entender. O choro do qual falo é aquele interno. Aquele que faz você repensar absolutamente tudo em você mesmo; sua personalidade, índole, caráter, afetos, essas coisas que te constroem como gente. Esse é o choro que mais dói, mais arde e, infelizmente, que é mais importante.

   Falando em dor; Como dói olhar pra trás, naquela caminhada na praia e ver a sua pegada na areia ao lado da minha, desaparecendo. Você resistiu bravamente quando, em algum momento do nosso roteiro, a palavra de ódio ou de ato impensado transformava seus contornos fortes naquelas pegadas arrastadas que, de pouco em pouco, foram desaparecendo.

   Dessa segunda família, da SUA segunda família, eu me sinto órfão. Mas e aí? Não me importo. Suas pegadas rondam o meu quarto, a minha casa, minha vida; e eu as guardo com carinho. Não posso atuar mais do que o roteiro me pede. Provavelmente, mais alguém no mundo deve se encaixar melhor do que eu no personagem que você escreveu. Ser coadjuvante em uma peça faz parte da rotina de qualquer ator, no fim das contas. De lá, fecham-se as cortinas e uma hora você se dá conta que a sua vida não acaba. Ainda vivo, respiro, como, estudo e danço como sempre fiz. A vida segue em frente.

   Talvez um dia qualquer eu volte a ser o ator principal da sua peça. Até lá, me contento em assistir da poltrona da minha cama a trama que desenrolamos.



   Desligar-se do laboratório do personagem: Eu voltaria no tempo e reassistiria essa aula também, com certeza.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Argentina, casamento gay e o " jeitinho brasileiro "

 

       Duas semanas se passaram desde o fim da copa do mundo e a Argentina, nossa famosa rival nos campos, tem o código civil reformado pelo senado, prevendo o reconhecimento de casais gays no país. No mesmo dia, ao ler os comentários do site do G1, seguia o comentário: "Bah, coisa de argentino escroto mesmo. Quero ver essas bibas andando de mãos dadas aqui no Brasil haha!! nunca.".

     Primeiro de tudo: Eu realmente devo ter ficado MUITO abismado com a colossal falta de senso da pessoa que escreveu isso, a ponto de ocupar espaço na minha cabeça pra lembrar coisas como essas. O que deve ser, então, "coisa de brasileiro" Pra quem escreveu aquilo no G1?! Falam como se os argentinos fossem muito piores que os brasileiros, como se superioridade no futebol significasse alguma merda. ¬¬'

O que me incomoda não é o fato de o Brasil não ter aderido ao casamento gay antes da Argentina. Essa não é mais uma questão de SE vai acontecer, mas sim de QUANDO. O que realmente me deixa abismado são as contradições colossais que existem dentro do senado brasileiro. Por exemplo... A constituição brasileira se diz LAICA, a política brasileira se diz LAICA, e a existência de partidos como o PC (Partido Cristão) é legal? Prazer, meu nome é contradição.

   Okay, deixei isso pra lá. Chegou quinta feira, e eu tinha combinado de levar duas amigas minhas em uma boate gay daqui de BH, que eu sempre fui, chamada Mary In Hell. Chegamos logo que a boate abriu, e os primeiros 45 minutos a casa era liberada apenas pra elas. Logo no instante que eu entrei na boate, elas vieram corredo desesperadas na minha direção, falando que tinham perdido as comandas.


  Achei meio improvável os documentos terem caído daquela bag ENORME que uma delas tinha levado. Podiam colocar um corpo esquartejado lá dentro que ainda ia ter espaço pras tais comandas. Falamos com o gerente e com o pessoal dos bares, e ficamos esperando alguém fazer algum pedido com o nome das minhas amigas.

  Nessa hora, eu me lembrei desse comentário do cara do G1, e pensei comigo mesmo "LÓGICO que alguém vai usar as comandas, é totalmente a cara do brasileiro, de querer sair com vantagem em absolutamente TODAS as situações. ".  Foi quase como se eu tivesse escrito a cena toda na minha mente, já que no segundo seguinte eu ouvi o gerente da casa pedindo pra chamarem a moça que pediu OITO ENERGÉTICOS de uma vez só, com a comanda de uma Bárbara (nome da minha amiga.) pra se explicar no caixa.

  Então é sobre isso que aquele cara estava falando. Ser mais esperto que o outro, querer ter vantagem, SEMPRE, é sinal de superioridade dele, enquanto brasileiro. Ser mais esperto, achando que matar uma mulher, desossar e entregar os ossos aos cachorros seria sinônimo de impunidade. Ser mais esperto, achando que "Os senhores viram essa menina lá embaixo? é a bárbara, minha amiga" É curtir a noite. Jogar a filha pela janela, e fingir que o apartamento foi assaltado, arrastar uma criança por 7km pelas ruas de uma cidade, e por aí vai. Não é preciso ressaltar que o Brasil detém o recorde mundial de dinheiro desviado pela corrupção, atingindo a casa dos trilhões de Dólares. Pagamos o maior imposto por pessoa física NO MUNDO, entre outras coisas. E o quê, eu subjulgo um país que nem a Argentina porque o meu futebol é melhor ?! ( se bem que hoje em dia nem isso, né. )

Morro de dó.
                                                                                                         

quarta-feira, 14 de julho de 2010

De repente, Califórnia. (Shelter) - 2007






            

[Off: Legal eu ter visto Shelter - De repente Califórnia pouco tempo antes de estrear o meu blog, uma vez que o filme aborda uma das temáticas que, por várias vezes, aparecerá por aqui : A Homossexualidade. Unindo o útil ao agradável, farei uma crítica à produção de Jonah Markowitz; críticas essas que também vão aparecer várias vezes, sobre filmes que eu julgar interessantes, quer pela sua qualidade e originalidade, quer pelo seu total e imortalizado fracasso. ]





A história é moldada em uma pequena cidade litorânea no leste do estado da Califórnia. Zach (Trevor Wright) é um jovem desenhista órfão de mãe, que mora em uma modesta casa com o seu inútil pai, sua folgada irmã Jeanne (Tina Holmes), - que sempre que pode se desfaz da responsabilidade de cuidar do filho e o joga pra Zach, dificultando que o rapaz siga com o seu sonho, de estudar em uma renomada escola de arte, em L.A - e com o pequeno Cody (Jackson Wurth), seu sobrinho. A trama começa quando o seu melhor amigo Gabe viaja da pequena cidade pra estudar fora e, sua casa inicialmente inabitada, recebe um outro hóspede: O escritor e irmão mais velho de Gabe, Shaun (Brad Owen). O que outrora era uma simples amizade de 2 pessoas se torna uma relação mais íntima, quando estes começam a surfar juntos. Zach vê na companhia do seu antigo amigo um conforto pra situação deficiente na qual a sua família se encontra.


A premissa do filme não é tão nova aos olhos dos espectadores: Uma pessoa conhece outra, se apaixonam, algo no meio do filme os afasta e no fim, tudo fica bem. Okay, já vimos isso no cinema umas 2945039850435 vezes. O que fez o Diretor e roteirista Jonah Markowitz achar que o filme não seria apenas mais uma caixa retangular na locadora, dentre tantos outros semelhantes? O fato de a história se desenrolar entre 2 homens? Por favor, é um relacionamento entre duas pessoas como qualquer outro; querer ganhar espectadores se aproveitando do assunto 'homossexualidade' estar na moda é um preconceito tanto na mente dele quanto da pessoa que acha que o filme tem o seu diferencial nesse ponto.


Igualmente clichê e desmotivadora é a atuação de Brad Owen como Shaun. O que era pra ser um personagem forte e seguro de si se tornou apenas um rosto bonito e plástico na tela, como podemos perceber nas cenas ditas de "clima", como a ele separa a briga de Zach com um outro personagem. A impressão que dá é que se ele estivesse atuando com uma máscara de si mesmo, daquelas de papel impresso no rosto, o resultado seria o mesmo, tal a sua incapacidade de dar vida - quase séria - a um personagem que, de forte e seguro, passa a ser um monte de músculos, apenas.


Mas nem só de pontos negativos é feito o filme. A ótima atuação do pequeno Jackson, como Cody, dá uma emoção a mais a todas as cenas que ele aparece em quadro com Trevor e Brad, nas quais ele exercita, com perfeição, as nuances de voz típicas da idade, ao demonstrar dúvida ou incerteza. Ele é o ponto 'de cristal' do filme, que nem nós, espectadores, nem os personagens Zach e Shaun querem ferir. Ponto positivo.


Outro assunto interessante, e belissimamente abordado pelo diretor são as situação-problema de Cody quanto à sua família; Uma mãe que coloca o filho sempre em segundo plano, e que joga em cima do irmão a responsabilidade de cuidar do filho sempre que uma nova "saída" com algum homem passageiro dela aparece não é bem lá um bom conceito de família. Em pouco tempo, há a cena de Cody, Zach e Shaun jantando na casa de Shaun, pra felicidade do garoto, que adora Shaun. Provavelmente sem querer, o filme levanta a polêmica da adoção de filhos por casais gays: Ora, uma mãe irresponsável que apenas superficialmente liga pro filho é uma "família" melhor do que aqueles dois homens que dão carinho, amor e atenção à criança, sempre que é necessário?
"Você é meu papai, tio Zach." " Não Cody, eu sou o seu tio, seu pai é o Robert. " " Não não, você é o meu pai." e " Vai Zach, criança é pra se mimar" (Shaun) são exemplos claros que pesam a balança pro lado do casal gay, que definitivamente trata o menino com mais segurança e dignidade do que sua mãe solteira.


Apesar de evidente, a desestruturação da família é muito mal trabalhada. O pai, que supostamente é obeso e mora na mesma casa que Zach, Cody e Jeanne, aparece em apenas UMA cena, sendo que pelo menos 30% das cenas são filmadas lá! Então, no meio do filme, o diretor Jonah achou que a presença do pai era desnecessária e simplesmente ignorou sua existência? Agradecimentos devem ser feitos à grande atuação da atriz Tina Holmes, que vive a irmã de Zach e mãe de Cody, que salva esse núcleo importantissimo do filme da plasticidade e mesmisse.


Desnecessário foi, também, a evidente dica dada ao ator Trevor pra que este ficasse indiferente ou 'rolasse os olhos' quando alguém perguntava ao personagem sobre seu relacionamento com sua melhor amiga. Ora, um dos dramas do filme era o personagem se descobrir gay? Aonde isso? Na primeira cena, quando ele rola os olhos quando sua irmã fala que vai chamar amigas pra casa, dando um cotovelada amigável no irmão, simplesmente escreve na testa dele "SOU GAY". O que que era pra ser um ponto dramático no filme, como o relacionamento de Zach e da sua antiga namorada se torna uma pedra no sapato do espectador, que já sabe que o personagem principal é gay. Aliás, todos no filme parecem saber, menos ele próprio.


No resumo da ópera,
Shelter - De repente Califórnia se faz interessante por abordar temas como a adoção de filhos de pais gays, e por conseguir a façanha de não emburrar o espectador com um roteiro tão clichê e batido quanto andar pra frente. Consegue, também, fazer uma abordagem coesa (até certo ponto) e livre de estereótipos, como deve ser. Mas peca por achar que, só pela história se desenrolar entre 2 homens, o filme mereça mais atenção e valor do que se fosse vivido por um casal heterossexual.


5/10.