quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Demônio (Devil) - 2010



     Em algum dia comum em New York, 5 pessoas ficam presas em um dos elevadores de um dos vários arranha-céus do centro da cidade. Eventos envolvendo a situação na qual os protagonistas se encontram e a investigação policial encabeçada pelo Detetive Bowden (Chris Messina), somada à uma crença religiosa de uma história pra crianças envolvendo o Demônio são as diretrizes que permeiam os 80 minutos do filme.

    Em todo filme de suspense, é de interesse do diretor que exista um personagem no qual o telespectador se espelhe e projete durante a exibição. A mocinha que corre do bandido, o mocinho que luta contra as organizações secretas. Talvez o erro principal em "Demônio" seja o fato que esse personagem seja um segurança extremamente religioso, que mina o filme com a crença de que o Demônio esteja por trás das mortes inexplicáveis que ocorrem dentro do elevador. Não é uma premissa totalmente absurda, já que o filme lida com uma das facetas de um folclore presente na mente de grande parte da população. Mas, daí, querer provar a sua teoria demoníaca jogando uma torrada com geléia pra cima e o fato de ela cair pra baixo ser uma prova incontestável das obras do renegado é, no mínimo, subestimar a inteligência do espectador. Lei de Murphy agora virou teoria satãnista, é isso?! Essa é, segundo a dinâmica do filme, a voz da razão da qual todos (telespectador e personagens) tendem a ouvir durante o filme. Some isso à péssima atuação dos atores do núcleo de fora do elevador, que em momento nenhum conseguem realmente colocar a tensão necessária pra um filme com esse nome, e aí está um resultado desastroso que eu ainda reflito se é um trabalho decente pra ser colocado aqui.

    O roteiro tenta, sem sucesso, colocar uma trama de fundo pro personagem principal. A morte da família do detetive num acidente "hit and run" poderia ter sido mais explorada, já que parece ser o motivo pelo qual o personagem principal se mostra tão cético à idéia do demônio. Somada a uma atuação um pouquinho menos porca de Messina, esse núcleo poderia ter sido um ponto que pelo menos tentasse salvar a história buscando um contexto mais plausível e razoável do que um " Olhe, a geléia ficou virada pra baixo! TUDO dá errado! " 

   Mas, tá, o filme não é uma porcaria completa. A atmosfera sombria do filme é feita com sucesso pelos shots externos. Cenas de chuva batendo nos vidros, céus pesados e uma trilha sonora super condizente com a projeção são aspectos que devem ser levados em consideração. Cenas salvas da falta de bom senso nas falas dos personagens, que dão um espaço de tempo considerável pra que quem assiste o filme consiga se inserir no clima que é proposto, o que salva uma parte do dinheiro gasto de quem vai ao cinema com a espectativa de não ter sua inteligência e bom senso insultados.

   É uma premissa legal, mesmo que já tenha sido trabalhada umas 3 milhões de vezes pelo cinema. Crenças universais como a de uma entidade maligna onipresente sempre serão um bom preview , uma vez que sempre haverá alguém pra acreditar nelas. Mas o roteiro absurdo, as falas sem nenhum bom senso e idéias interminadas deixadas de lado no meio da exibição (como as cenas desperdiçadas da perícia do suicídio que abrem o longa ) destroem qualquer boa vontade de quem tenta se divertir vendo algo decente.

4/10