sábado, 28 de abril de 2012

Pânico na Band, faculdade e aquele "comentário desnecessário"


( Desde já, peço desculpas pelo tom de desabafo dos dois últimos parágrafos. Não faço indiretas pra uma, duas, ou três pessoas, e sim pra um modelo de comportamento que vem me dando nojo de uns dias pra cá.)

De cara, já achei difícil escrever sobre esses 3 temas e interligá-los. Partem de universos distintos (um de âmbito puramente profissional, outro de acadêmico, e o último de cunho pessoal). Mas... É. Eles têm muita coisa em comum.

Foi fácil ver, de ontem pra hoje, o aparecimento dos "Advogados em defesa do cabelo da Babi" (ou você, que compartilhou aquelas imagens da atriz segurando o choro, com uma frase que vocês acham que tem efeito). Dizem que o pânico não tem mais o que inventar, que o programa já está saturado, que perdeu a sua própria moral. Mas, ao mesmo tempo, e se tudo que se disse é verdade, por que o programa continua sendo tão comentado?

Um ato desnecessário? Se você não tem comprometimento nenhum com a manutenção do programa, sim. Pro "Alan", produtor do Pânico, acredito que o objetivo tenha sido totalmente alcançado: O buzz nas redes sociais aconteceu, e não teve nada de desnecessário ali. Repetindo o que já escrevi aqui no blog: O objetivo do programa é gerar audiência, espectadores, números que convençam os patrocinadores a continuarem investindo no programa. Desnecessário, talvez, seja a comparação física da Atriz careca com aqueles que, por decorrência da quimeoterapia, perdem os pêlos do corpo. O pânico, até onde eu sei, não fez nenhuma referência ao câncer ou trabalhou o detrimento (aí sim, imoral) de uma doença que mata milhares. Digo ainda: Babi está muito mais bonita e elegante do que antes. E se ela, mesmo careca consegue sustentar sua imagem bonita, de onde tiraram que uma doente também não pode? Esse é o verdadeiro preconceito.

Tão ou mais desprezível que essa comparação é a falta de profissionalismo que eu vejo em alguns lugares, e a faculdade vem se tornando o antro dessa prática. Em um curso de publicidade, no qual é natural que haja a competição pra ver quem apresenta a melhor campanha, ou o briefing mais bem trabalhado, é imprescindível que as pessoas saibam aquela diferença simples, sutil, entre diferenças pessoais e profissionalismo. Digo isso por ter presenciado uma situação de completo desrespeito dentro de sala de aula, com alunos da minha turma tendo suas campanhas (bem trabalhadas, apesar de óbvias) atacadas por motivações que visivelmente se escoravam em âmbito pessoal. Entretanto, uma vez que o conhecimento técnico de quem defende a campanha é evidentemente maior do que de quem critica, tanto faz se a argumentação profissional é embasada por sentimentos pessoais. Certo é certo, errado é errado. Controle-se e prove que você está certo.

E o que isso tem a ver com o Pânico na TV? Tudo. Garanto a vocês que Babi já sabia o que ia acontecer, e foi uma jogada inteligente (aham, inteligente) do Pânico na TV. Conseguiram o Buzz que queriam. Mas, a partir disso, partirem pra ofensa pessoal aos produtores porque eles rasparam a cabeça da menina? Que são desrespeitosos com quem precisa fazer quimeoterapia, ou que renegaram sua feminilidade? São duas coisas absurdamente diferentes, e me assusta que os próprios alunos de publicidade que eu conheço não percebam isso.

... E fazem aquele "Comentário desnecessário". "Galera do Pânico ficou louca." "Vai lá acabar com a campanha dela, fulano!" "Sabe, ciclano, você não é porra nenhuma aqui." " Unsubscribe no Luiz".  Hora de encaixar aquele clichêzão: Ser mais engraçado não te torna melhor do que ninguém. Insultar alguém de "nada", "lixo" não te faz superior, muito pelo contrário: Demonstram uma necessidade gigante de autoafirmação, que é tão grande que simplesmente não cabe dentro de si. Tem que ser externada. Vai dar unsubscribe? Unfollow? Dá logo, não precisa anunciar. Não vou implorar o contrário, e não vou tentar ser engraçadinho ou cool pra uma meia dúzia de pessoas que, por tentarem ser tão legais 100% do tempo, perderam o valor pra mim. Não quero ser o cômico. Quero ser o Luiz, e o Luiz não é engraçado sempre. Ele é carente. Ele chora. Ele compartilha coisas toscas, ele tropeça no chão liso, dança, canta, liga no dia seguinte e... eventualmente, alguém ri disso tudo. Esses que riem eu, carinhosamente, os chamo de ''amigos'. Então, desde já peço desculpas àqueles seguidores ou amigos no facebook que, sei lá, não riem o bastante de mim. Mas se daí eu tenho que ouvir insultos, prefiro vocês fora da minha vida.

E sabe o que é mais repulsivo nessa história toda? O fato que 99% desses comentários simplesmente podiam não existir. Não contém nem um pingo de crítica construtiva, nada de "você pode melhorar aqui ou ali". É, apenas, um insulto. Meia dúzia de palavras que ofendem, que cortam lá na alma e que machucam MUITO. Aprendi com a mãe de uma amiga minha que "Se não é pra fazer um comentário positivo, melhor calar a boca".

Quem sabe um dia vocês aprendem.