domingo, 26 de junho de 2011

Homofobia em Belo Horizonte






Transcrito aqui o depoimento de I.F.:

Ontem, dia 23 de Junho, às 6:40 da manhã, eu, I.F. e meu amigo J.M. fomos vítimas de uma agressão física e moral seguida de uma assalto ocasional, no bairro Sion. Eu voltava de uma reunião de amigos num apartamento na rua Montevidéu, em direção à Nª Sra. do Carmo. Era apenas um quarteirão de distância e um beco largo de escadas que dava acesso à avenida. Próximo às escadas, na rua Venezuela c/ Montevidéu dois rapazes desconhecidos passaram por nós. 

Foi quando senti uma cusparada, e imediatamente percebi que os cuspes vinham do rapaz mais alto, que vestia preto e boné. Eu me virei a ele e perguntei de maneira calma você me cuspiu? ». ele me respondeu agressivamente qual o problema? » imediatamente me acertando a testa com um chute. Nesse momento eu caí e J.M. segurou minha cabeça próxima à sua barriga, protegendo-a dizendo não bata nele não » e tentando me arrastar. Recebi mais socos e chutes nas costas e J.M. foi agredido nas costas e na cabeça, que inclusive ainda dói, segundo ele. Segundo ele também, os agressores, tentaram me tirar dele, enquanto ele segurava minha cabeça. Nisso, puxaram sua mochila e a arrebentaram, levando-a em seguida quando nós fugimos. Essa parte eu não vi pois já tinha levado o chute na cabeça. Nós fugimos em direção de volta ao prédio e eles subiram a rua sentido Carrefour com a mochila. Presenciaram o ataque pessoas que estavam na padaria na rua Venezuela. 

Quando voltamos correndo ao prédio pedimos auxílio ao segurança da portaria, e ele, não podendo abandonar o prédio, nos orientou a ligar para a polícia. Minha testa sangrava quando desceu um terceiro amigo, D.D., para o hall do prédio. Entramos no seu carro e saímos a perseguir os rapazes enquanto esperávamos a viatura. Virando a esquina, passando em frente a padaria, pessoas nos reconheceram. Eles tinham em mãos a mochila de J.M., rasgada, e diziam que os rapazes a abandonaram ali no chão mas seguiram com uma pasta vermelha (que continha um notebook) subindo a rua. 

De carro, nós os avistamos andando calmamente pelo alto da rua da 124º Cia. da Polícia e informamos à polícia. Duas viaturas passaram por nós e nós as seguimos. Encontramos os rapazes deitados no chão e algemados pela polícia na Praça Nova York. Ao lado, os pertences roubados do meu amigo. 

Fomos conduzidos a prestar queixa num setor da polícia militar na Rua Trífana, bairro Serra, junto com os agressores algemados. Como num primeiro momento ficamos todos no hall, pude ouvir algumas informações dos agressores e anotá-las (as informações completas eu espero ter acesso à partir do recebimento do boletim de ocorrência): Os rapazes são: Rúbio L.M. (não divulgarei os nomes completos aqui), estudante de arquitetura da Universidade Fumec, 20 anos; e Juliano L. V., estudante de Direito (pasmem!) da faculdade Newton Paiva, também 20 anos. Um mora no bairro Anchieta, e outro no Nova Suíssa. Ainda não pude identificar qual mora em qual, mas o policial classificou a condição social dos rapazes como classe média/classe média-alta. 

Enquanto eu aguardava na sala ao lado em que os rapazes eram interrogados, pude ouvir trechos de seu depoimento, em que chegaram a dizer descaradamente que não roubaram o notebook, a inventar que nós quatro nos envolvemos em uma briga, tendo um deles afirmado até mesmo que eu e J.M. os teríamos assediado, “mexendo com eles e passando a mão nos corpos dos rapazes”. 

Fomos ouvidos pelo delegado da 1ª Delegacia Distrital da Polícia Civil de Minas Gerais, na avenida do Contorno com a rua Carangola, Santo Antônio, onde nos encontramos também com as mães dos dois rapazes, ambas aos prantos e nos pedindo desculpas pelo ato dos filhos. A mãe de um dos rapazes, Juliano, disse não conhecer Rúbio, o outro, amigo do filho. Disse que ele nunca frequentou sua casa. Fui eu ao IML fazer a análise de corpo de delito por volta da 1h da tarde. 

Temos como testemunhas o porteiro e segurança do prédio em que estávamos, na rua Montevidéu, um taxista que identificou a mochila de J.M. e o dono da Padaria na rua Venezuela, que já se prontificou a prestar testemunho em nosso favor. 

Se você tem contato com alguma qualquer mídia de circulação relevante, ou com grupos sérios, governamentais ou não, de apoio aos direitos, por favor, passe o meu contato ou o encaminhe o meu depoimento. Terei acesso à uma cópia do boletim de ocorrência e do laudo do IML na segunda-feira. Grato, I.F.


http://homofobiaembelohorizonte.tumblr.com/ <- fonte
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Um comentário:

Maria disse...

coisa de bárbaros, filhinhos de papai criados sem valores éticos e limites. Nao desista! Siga até colocar essas bestas-fera na cadeia. E nao se sensibilize com choro de mae nao: são as nutrizes dos monstros. Maria